Em agosto de 2013, articuladores e articuladores da RBTR se reuniram no segundo encontro presencial daquele ano, cujo anfitrião foi o Grupo Experimental de Teatro de Rua e Floresta Vivarte, de Rio Branco, no Acre. As experiências, incluindo as apresentações da I Mostra Área Viva de Teatro de Rua e de Floresta, se deram no Ramal História Encantada, onde foi construída a sede rural do grupo.
Foram dias intensos de convívio na mata que só puderam ocorrer por conta da organização de todos os articuladores da Rede, como comenta Maria Rita Costa da Silva (Vivarte – Rio Branco/Acre). Além dos articuladores, os indígenas do povo Huni Kuin também marcaram presença neste Encontro.
Entrevistamos ao todo 10 articuladores de distintas regiões do Brasil*. Se o material coletado evidencia a pluralidade de pontos de vistas (que enriquece e aprofunda o debate), aponta também para o encantamento ocasionado pela vivência na mata, e, principalmente, para uma convergência no interesse em seguir na luta. Os ruídos que invadem as falas tentam trazer o colorido do cenário.
Márcio Silveira (Grupo Manjericão – Porto Alegre/RS) ressalta a importância de o Encontro ter sido realizado novamente no Acre (a primeira experiência aconteceu em novembro de 2009), apontando as especificidades da região e as dificuldades passadas pelos companheiros residentes neste Estado.
Relacionando características da geografia e as particularidades de um fazer artístico, Maria Rita comenta também acerca dos processos de criação do Vivarte e de onde surgiu o termo “teatro de rua e floresta”.
A fala de Chicão Santos (Grupo O Imaginário – Porto Velho/RO) segue esta mesma linha de pensamento, evocando o “tempo amazônico”.
Bruna Salatini e Rodrigo Zaneti (Nativos Terra Rasgada – Sorocaba/SP) nunca tinham ido para o Acre. Eles falaram do “tempo do Acre”, fazendo menção a certas noções indígenas, e da pluralidade de horizontes presentes na RBTR.
Herculano Dias (Tá Na Rua – Rio de Janeiro/RJ) menciona o aspecto contra-hegemônico da realização de um Encontro descentralizado geograficamente e estabeleceu relações entre arte pública e saúde pública, eixo norteador do XV Encontro, de setembro de 2014.
Já Tom Conceição (Salvador/Bahia) problematiza a experiência e aponta certas dificuldades do Encontro, ainda que enfatizando a potência do contato com a cultura indígena. Além disso, comenta a importância de conhecer a realidade do teatro de rua em diversas localidades.
Jéssica Faust (RestaNóis Cia Livre de Teatro – Florianópolis/SC) traz para o debate a experiência política proporcionada pelos encontros da Rede e seus desdobramentos nas diferentes regiões do Brasil.
Ainda sobre a sobre a relevância política da RBTR, Rodrigo e Bruna relatam uma experiência bastante significativa em Sorocaba.
Nesta mesma linha, Rafael de Barros (Exército contra Nada) e Danilo Lagoeiro (Teatro de Garagem), ambos do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL), comentam a influência da RBTR nos movimentos artísticos de Londrina e da perspectiva de fortalecimento do movimento local com a realização na cidade do Encontro seguinte, que aconteceu em março deste ano.
* Exceto para Maria Rita, as falas dos articuladores foram criadas a partir de duas questões iniciais: “Como você avalia a experiência do Encontro na floresta?” e “Em que sentido a sua participação na Rede contribui para a atuação em sua cidade?”.
Gyorgy Laszlo e Daniela Landin